Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. (2 Timóteo 4.3,4) - Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. (Tito 2.1)
1 Tessalonicenses 5:21

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Quem disse que era uma Maçã?

A palavra hebraica tapuach, comumente traduzida "maçã", ocorre diversas vezes na Bíblia. Mas, não é empregada para descrever "a árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau" (Gênesis 2.9, 17; 3.6). De onde, então, surgiu a tradição de que a maçã era o fruto proibido?

De acordo com a obra Plants of the Bible (Plantas da Bíblia), de H. N. Moldenke, tal idéia "devia-se, sem dúvida, à influência de artistas medievais e renascentistas que assim a representaram". À guisa de exemplo, a respeito do famoso quadro O Jardim do Paraíso, de Pedro Paulo Rubens (1577-1640), agora na Galeria de Haia, observou Moldenke: "O fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, com a serpente enroscada entre seus ramos, parece definitivamente ser maçãs. Este quadro é, provavelmente, um daqueles a quem devemos a concepção errônea, generalizada, de que a maçã é uma planta da Bíblia."

A respeito do quadro Adão e Eva (veja abaixo), do pintor da corte alemã Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), em que se representa a maçã, Moldenke comentou que os pintores renascentistas "adoravam reter seu direito de confiar em sua imaginação sempre que quisessem". Outros artistas da época, tais como Tintoretto e Ticiano, fizeram o mesmo em suas pinturas sobre o mesmo tema.

É provável que o primeiro a assentar por escrito tal idéia, contudo, tenha sido o famoso poeta inglês John Milton. Em seu Paraíso Perdido (1667; Clássicos Jackson, Vol. XIII, pp. 262, 263), Milton escreveu a respeito da tentação de Eva por parte da serpente:

Adão e Eva"Té que uma vez, os prados percorrendo,

Avisto ao longe uma árvore formosa

De frutos carregada que alardeiam

De cor de ouro e de grã missão insígne: . . .

Resolvo não tardar um só instante

Em saciar o desejo que me abrasa

De provar as maçãs que são tão lindas:

Com simultâneo esforço a fome e a sede,

Por tão mimoso aroma estimuladas

Irresistível persuasão me induzem."




Assim, não foi da Palavra de Deus, a Bíblia, e sim da fantasiosa, porém desorientada, imaginação dos artistas e dos poetas que surgiu um dos mitos mais populares da cristandade. Qual era o fruto? A Bíblia simplesmente não diz, a única referência mais próxima da realidade seria o figo, pois logo após consumado o ato coseram folhas de figueira e fizeram para si aventais (Gênesis 3.7). Mas o ponto vital não era o fruto, e sim a desobediência do homem (Romanos 5.12).